Sdecalcinhas

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22.9.10

SÓ ACHO, CONFESSO QUE SUSTO PELA VIDA NÃO DÁ EM GENTE BESTA, E FORTE PRA AGUENTAR O TRANCO.

Eu tenho problema de pânico. Por pânico entendo momentos em que tive a plena certeza de que iria desintegrar e morrer em praça pública, nua, e pessoas enviadas insanas tirariam a minha alma, e eu estava apenas no mercado ao lado de pessoas “normais”. Isso começou quando eu tinha sete anos, na época não entendia nada, e só tinha um imenso medo de morrer a qualquer momento, foi difícil e doloroso, pois só vim a descobrir o que eu tinha aos 15 anos de idade, bom é pra qualquer ser ficar louco, eu lia muito na época, comecei com casa dos espíritos com dez anos nada forte não? Depois comecei a ler Freud, e descobri que ele teve há milênios atrás síndrome do pânico, é foi incrível saber que o pai da psicanálise sofria do que eu sofria. Mais também não me adiantou bosta nenhuma saber que um ser que teve o que eu tive já estava de pés juntos em outra dimensão que também sofria pakas e comeu o pão que o diabo amassou. Eu precisava me virar sozinha e descobrir o porquê de tudo aquilo, foi então que a saga começou. Na época (pouca informação) me receitavam maracujina e diziam que era problema dos “nervos” RS. Água de melissa e outras porcarias, que jamais iam conter a explosão de um vulcão em erupção. Eu chegava a ter quatro crises por dia, aquilo acabava comigo. Me via emagrecendo, sem comer, e exausta como se eu tivesse corrido uma maratona. Fui à cartomante, benzedeira, umbanda, terapias todas possíveis e impossíveis, aliás, nas minhas terapias é que me dei pior, acabava ficando amiga e no fim quando eu via estava escutando os problemas da minha própria terapeuta era ridículo como eu sabia resolver qualquer problema dos outros e não encarava os meus. E isso acontece até hoje todo mundo que conversa comigo por um tempo me contando algum problema acho a solução dou dicas a pessoa se resolve, dizem que eu poderia ser uma bela terapeuta, mais sinceramente ter que enfrentar uma faculdade não está nos meus planos. Bom fiz regressão o que não adiantou de nada, pois não conseguia chegar a lugar nenhum, aliás, às vezes me pegava rindo, juro que parecia que cada vez que eles falavam volte... volte... O que está sentindo Shey? Por dentro eu me mijava de rir e achava aquilo uma grande idiotice. Hipnoterapias foram vários, diagnóstico: Talvez ela não esteja preparada... Meu era uma decepção atrás da outra, aquilo tudo era um tormento ou uma brincadeira contra o meu eu que só queria viver em paz. O tempo e a idade foram passando, e eu tive que encarar coisas que só de lembrar eu tenho vontade de chorar. E prefiro pelo menos agora deixar isso guardado, ainda penso em escrever um livro, não como todos os livros idiotas que li, que diziam enfrente e seja feliz, como se fosse a coisa mais simples desse mundo, ou no estilo sugira a sua mente, ou the secret ou qualquer livro podre de auto-ajuda, um dos melhores livros que li foi escrito exatamente por alguém que teve a COISA! Não é sempre que a coisa dá, mas é como se fosse: o pânico é um eterno medo do primeiro pânico. Você passa inexplicavelmente mal por dentro, porque quem tá de fora, fica boiando, você vira uma espécie de bichinho indefeso. Você passa mal uma vez e depois apenas convive com a certeza de que pode passar outra vez, quase morrer novamente, (mesmo sabendo que é mais fácil um avião cair na sua cabeça do que você morrer de pânico) a coisa se instala de um jeito tenebroso. E de fato a coisa volta. E volta. E volta. E quando não volta, simplesmente está ali ameaçando, te dizendo ao pé do ouvido que pode voltar e fazer você sentir aquelas sensações de morte iminente tenebrosas. Quem tem a coisa estranha, tem a coisa estranha sempre. Enfim, durante muito tempo não sai de casa, quando saia era com a minha cartelinha de Rivotril sublingual. Pra ir do quarto até a cozinha de casa eu levava uma no bolso. Mais posso dizer que ah três anos as coisas melhoram um pouco, pois conheci um dos melhores psiquiatras de Curitiba que me deu um remédio certo para o pânico, porque os últimos psiquiatras que passei me deram uns remédios chapantes que me deixavam em alfa e como estava engordando eles ainda me davam remédios para emagrecer, se alguém tá desinformado, deve saber que remédios para emagrecer podem fazer uma pessoa que nunca teve ansiedade e nem pânico desencadear uma crise de pânico ferrada, imagine quem já tem? Então dá pra imaginar que por muitas vezes quase saí da casinha literalmente, e juro que não entendo como alguém estuda tanto pra ferrar a vida de um ser humano depois. Bom meu novo psiquiatra salvou minha dignidade e sanidade a tempo, pois juro que em certa altura eu já não estava vendo mais saída alguma para aquele tormento todo. Tomo um remédio que vem dos EUA que corta as crises legal, apesar de não ter mais, só o medo do medo, continuo o tratamento. Mais algo eu ganhei com toda essa bagunça na minha vida, com todo esse medo, foi um sorriso estampado no rosto sempre, um humor quase de comediante, um gênio meio forte pra não dizer arrebatador, uma loucura por escrever, uma tolerância enorme a dor física, dor de verdade sabe? Tipo pedra no rim... Que já tive inúmeras vezes e não chegou nem perto de uma crise de pânico, sempre digo que a dor na alma, a dor que não existe remédio, que você precisa lidar com seu próprio psicológico dói muito mais, ganhei um amadurecimento imenso, e uma infantilidade anormal de ser acolhida sempre, quando digo que preciso de alguém, que não sei viver só, muita gente ri e diz que sou ou pareço forte, talvez até seja NINJA, mais sou pura emoção, sou frágil, choro fácil, por muitas vezes tentei trabalhar isso em mim, queria ser razão total, pra não sentir tanto, ficar mais dura sabe? Mais não adiantou, nem com as rasteiras que levei da vida desde pequena, nada disso fez com que eu me tornasse mais razão, acho que ao contrário a cada ano que passa me torno mais emoção, sinto tudo com tamanha intensidade que chega a doer, dói porque quando você chega a um estágio assim você vê como as pessoas são malas, mulas, vazias, e pensam só no próprio umbigo. Posso dizer que tenho uma ingenuidade imbecil para algumas coisas nem todas porque sei bem aonde piso e sinto de longe pessoas que não fazem bem. Sim, eu tenho esse problema. Não tenho orgulho, mas também não tenho vergonha. SÓ ACHO, CONFESSO QUE SUSTO PELA VIDA NÃO DÁ EM GENTE BESTA, E FORTE PRA AGUENTAR O TRANCO. E eu sou bem esquisita, mas definitivamente não sou besta.
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Escrito por Shey Siedschlag
Postado por s.decalcinhas às 05




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